Casaco Dior Vintage: Confecção (3) - The making of the vintage Dior coat (3)

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Depois de duas semanas em que foi impossível escrever algo neste blog (a vida mete-se no nosso caminho às vezes), finalmente de volta à costura! I casaco está quase pronto (falta o forro) e tenho muitos detalhes para partilhar (este fim-de-semana foi particularmente produtivo, em contraste com as semanas anteriores).

No último post disse-vos que tinha chegado ao passo 19, neste momento terminei o passo 34. Em primeiro lugar cosi as vistas:

Depois foi a vez das bainhas reforçadas com entretela:

Algumas fotos da bainha e da forma como é cosida à mão; reparem na última foto como os suplementos são ligeiramente franzidos:



O casaco começava a tomar forma:

Em seguida passei às mangas; reparem no detalhe seguinte: em vez de franzir as cabeças das mangas por inteiro, o franzido termina no topo da manga a 1cm de cada lado, deixando assim uma zona que não é franzida (os fios que vêm são a minha forma de passar as marcações para o tecido):

Apesar de o modelo não mencionar chumaços, resolvi aplicar uns chumaços raglan muito leves, que me foram enviados pelo Paco há algum tempo:


Também utilizei cabeças de manga “moustache” da Els:


As molas que prendem o trespasse interior do casaco foram forradas (escrevi um passo-a-passo aqui):

Podem ver estes últimos passos nas instruções:


Neste momento falta o forro e o casaco já tem o aspecto exterior definitivo; resolvi comprar outro tecido de forro, que não é transparente: crepe de cetim. O interior ficará mais luxuoso, pois este cetim é muito brilhante e as entretelas não serão perceptíveis. Deixo-vos já com uma foto do casaco antes de aplicar o forro:

Está lindo, não está? Apesar de não ter tido muita disponibilidade e de estar a demorar algum tempo a concluir, creio que o resultado final vai valer a pena!

Entretanto o Paco deixou um comentário no post anterior que creio valer a pena partilhar:

“La verdad es que pensé que tanto mi madre como mis tías "las modistas", siempre se hacían los abrigos con este patronaje, y también encontré otra razón: el ancho de las telas de aquella época (habían telas de 90 cm. de ancho). De esta manera, se podía cortar el delantero con costadillo incluído de un largo de tela, la espalda y vista de otro largo, y las mangas de otro. Aquí en España, existía esa forma curiosa de comprar las telas : 2 largos de cuerpo + 1 largo de mangas.”

O Paco diz que se lembrou de outro motivo para os moldes serem cortados assim, com as costuras laterais deslocadas: o facto de há uns anos muitas das peças de tecido terem apenas 90cm de largura; com este molde poder-se-ia cortar as partes da frente com a lateral incluída numa largura de tecido, depois as costas e as vistas noutra largura e finalmente as mangas: o comprimento de tecido necessário era calculado da seguinte forma: duas alturas de corpo mais uma altura de mangas.

Até à próxima!

After two weeks missing in action (life sometimes gets in the way), I am finally back to sewing the Dior coat! It’s almost finished now (as opposite to the last couple of weeks, this weekend has been quite productive)

At this point I’ve finished step 34. First I sewed the facings in place:


Then I hand sewed the hems, reinforced with bias cut strips of interfacing:

Here’re a few photos on the making of the hem and how it’s hand sewn; notice the last picture and how the hem allowance is eased to fit:



At this point the coat looked like this:

Next I moved to the sleeves; there is another interesting detail here: instead of easting the entire sleeve cap, the easing ends before the center top of the sleeve, leaving a small section that won’t be eased here (the thread ends on the small circles are the way I transfer the markings from the pattern to the fabric):

In spite of no shoulder pads being mentioned, I opted for adding lightweight raglan shoulder pads (these were sent to me by Paco some time ago):


I also used Els’ moustache sleeve heads for sleeve padding:


The instructions call for snaps on the inner front; I lined them (I wrote a tutorial, read it here):

These are the last steps before starting on the lining construction:


At this point the coat already looks finished on the outside. I ended up buying another fabric for the lining: satin crepe. This fabric is more luxurious than regular lining; it’s not see-through and has a nice shine to it. Here’s a picture of the coat so far:

Isn’t it beautiful? It’s taking so long to finish but I think the end result will be well worth my efforts!

Paco left another interesting comment on my last post:

“La verdad es que pensé que tanto mi madre como mis tías "las modistas", siempre se hacían los abrigos con este patronaje, y también encontré otra razón: el ancho de las telas de aquella época (habían telas de 90 cm. de ancho). De esta manera, se podía cortar el delantero con costadillo incluido de un largo de tela, la espalda y vista de otro largo, y las mangas de otro. Aquí en España, existía esa forma curiosa de comprar las telas: 2 largos de cuerpo + 1 largo de mangas.”

Paco said that he remembered another reason for the pattern being cut with the side panels and the front panels all-in-one: at the time most fabrics were 36” wide and it was usual to cut the fronts (side panels included) as a single length, then the back and the facings, and finally the sleeves: the necessary length of fabric for a coat would be calculated as two total lengths plus the sleeve length. It makes perfect sense!

See you next time!

Casaco Dior Vintage: Confecção (2) - The making of the vintage Dior coat (2)

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A semana passada foi extenuante para mim e tive pouco ou nenhum tempo para a costura. No fim-de-semana ainda pude aproveitar um pouco, mas como estava adoentada não fiz tantos progressos como gostaria: apenas cheguei ao passo 19.


No contexto do passo 14 (reforço da zona das bainhas com tiras de entretela cortadas em viés), queria mostrar outra curiosidade deste molde: o tamanho dos suplementos de bainha é bastante maior do que o que é costume usar:

Reparem também que, em vez de aproveitar a abertura entre o encaixe do corpete com a saia do casaco para fazer a casa de botão, resolvi fazer aqui também uma casa avivada com o tecido de malha; se tivesse optado por fazer os vivos com o mesmo tecido do casaco isto seria desnecessário:

Aqui têm o casaco antes de colocar os bolsos e as vistas:


As instruções para os bolsos, cosidos quase inteiramente à mão:

Ficaram assim (notem como o forro é transparente e se vê a entretela escura por baixo; isto fez-me pensar que deveria usar duas camadas de forro no corpete para evitar este efeito co interior do casaco):

E depois de cosidos à mão ao casaco:

No post anterior houve alguns comentários com interesse (além de algumas questões às quais respondi por email ou na zona de comentários do post respectivo);

Paco Peralta disse: “(...)Haces mención sobre el desplazamiento de la costura lateral. Bien, eso quiere decir que se trata de un patrón de "sastrería" y que precisamente en ese punto se dibujaría un costadillo. Este patronaje era muy popular en esas épocas, sobre todo en prendas como abrigos y chaquetas. Particularmente a mí me gusta, pues estiliza la espalda y deja el costado con movimiento, pues es este caso, si tuviera una costura lateral, quizás quedase demasiado puntiaguda acentuando una línea parecida a una "campana". (...)”

Traduzindo mais ou menos, o Paco diz que o facto da costura lateral estar deslocada quer dizer que se trata de um molde de alfaiataria e que esta costura está colocada no lugar onde estaria um painel lateral. Este estilo de moldes era muito comum nos anos 60 e agrada ao Paco porque faz com que o cair da peça seja mais suave e não tão saliente na lateral o que evita que a linha do casaco se parecesse com um sino.
Achei este comentário muito interessante e aprendi algo de novo sobre o traçado de moldes.

A Marji disse: “(…)I recognize that boucle as a Chanel boucle, correct?(…)”
Traduzindo, a Marji reconheceu este tecido como sendo um bouclé Chanel; de facto comprei este tecido em Paris, na companhia da Isabelle, na loja Bouchara, uma loja de tecidos muito famosa mesmo no centro de Paris e que infelizmente fechou as suas portas algum tempo depois. No a seguir, durante a minha visita à Torre Eiffel, vi uma senhora elegantíssima vestida da cabeça aos pés neste tecido, inclusivamente as botas que também eram forradas neste tecido e que reconheci como sendo um modelo clássico Chanel. Por exemplo podem ver as fotos seguintes (cortesia de www.style.com) da colecção Chanel de Outono de 2007:


Fiquem bem e até à próxima (vamos lá ver se esta semana tenho mais tempo livre para a costura e para os blogs)!

The past week was exhausting and there wasn’t much time for my sewing activities. During the weekend I was able to make some progress but not as much as I had expected because I wasn’t at my best. I only reached as far as step 19.


In the context of step 14 (hem area reinforcement using 2” bias cut strips of interfacing), there’s a detail I’d like to point out: check out the hem allowance of this pattern; It’s much wider than what we usually use these days, isn’t it?

Also note that instead of making a buttonhole using an opening on the bodice/skirt junction seam, I opted for constructing a bound buttonhole instead; I did this because I used the ivory knit for the first buttonhole and only then I realized that a buttonhole without the same welts on the bodice junction would seem misplaced. If I had used the boucle for the welts it would be alright to stick to the original instructions.

Here’s how the body of the coat looks before attaching the patch pockets and the facings:


Here are the instructions for the patch pockets; they are worth reading through, since the process is different from what we usually see in modern patterns (I followed them exactly):

This is the end result (see how the lining is a little see-through on top of the canvas? This made me realize that I should use a double layer of lining on the bodice of the coat):

Here’s after stitching the pockets to the coat by hand:

On my previous post there were some relevant comments that I’d like to highlight (I also tried to answer to the questions either on the comment area or by email):

Paco Peralta said: “(…)Haces mención sobre el desplazamiento de la costura lateral. Bien, eso quiere decir que se trata de un patrón de "sastrería" y que precisamente en ese punto se dibujaría un costadillo. Este patronaje era muy popular en esas épocas, sobre todo en prendas como abrigos y chaquetas. Particularmente a mí me gusta, pues estiliza la espalda y deja el costado con movimiento, pues es este caso, si tuviera una costura lateral, quizás quedase demasiado puntiaguda acentuando una línea parecida a una "campana". (…)”

Translating from Spanish, Paco states that the displacement of the side seam means that this is a tailored pattern in which a side panel would be originally drafted instead of a side seam. This feature was very common on vintage patterns and appeals to Paco because it provides a smoother side line to the coat. Without this feature the side seams would look “pointy” and this coat’s shape would resemble a bell.
I found Paco’s comment most interesting and I was able to learn a bit more about pattern making techniques.

Marji said: “(…)I recognize that boucle as a Chanel boucle, correct?(…)”
In fact I bought this fabric in Paris at Bouchara in the company of my friend Isabelle (unfortunately this Bouchara store is not open anymore as a fabric store) and on the following day I remember visiting the Eiffel tower where I saw a very elegant woman dressed in Chanel from head to toe (and I mean toe because the boots were Chanel too, covered with the same fabric as the dress and the coat she was wearing) made of the same ivory boucle. Here’s an example from the Fall2007 Chanel collection (Images are courtesy of www.style.com):


OK, that’s all for today! Let’s hope this week isn’t going to be as stressful as the previous one! Happy Sewing to all!